terça-feira, 5 de junho de 2012

Revendo estratégias


Não é preciso ser especialista para desconfiar que as mudanças na dinâmica da Economia são gigantescas. Investidores e poupadores precisam rever seus planos e consultar cartomantes, astrólogas, adivinhos etc. para imaginar o resultado de seus projetos.
Felizmente vivemos no Brasil que, por deficiências em geral, oferece inúmeras oportunidades de investimentos, principalmente se o Governo em todos os níveis licitar concessões e permissões disponíveis, e são muitas.
Com urgência nossos políticos precisam regulamentar procedimentos de PPPs e imaginar soluções para o transporte de cargas e seres humanos, portos, aeroportos, pontes etc.. o fundamental é a viabilização de obras e serviços que possam ser explorados com lucros decentes e relações honestas entre as fundações e os governos.
As mudanças de cenários estão acontecendo de forma dramática, mas, como é típico de muitos seres humanos, sem atenção para a profundidade do mar (e do mau tempo) em que a economia mundial mergulha. Salvo alguma solução miraculosa, estamos em tempos de mudanças que deveriam ser gradativas, bem pensadas, mas que, nesse momento, exigem agilidade de grandes mestres para não morrermos todos (pelo menos no Brasil) afogados nesse oceano de venalidades e incompetências graças à permissividade neoliberal que se estabeleceu nas nações ocidentais.
O neoliberalismo associado à corrupção viabilizou “esquemas” surpreendentes, as cachoeiras que o digam.
O pesadelo é geral e começamos a ver, finalmente, artigos sobre os fundos de aposentadoria (BRODBECK, 2012), ótimo, seria terrível sentir mais uma vez na pele os efeitos dos planos miraculosos da década de sessenta, que praticamente mataram milhões de aposentados nas décadas de setenta e oitenta do século passado. Em família sofremos os efeitos disso tudo e pessoalmente até a oportunidade de ouvir de um diretor de um desses planos as facilidades que tinham de enganar o povo, em viagem de Curitiba a Porto Alegre, graças aos efeitos dos whiskies que aquele cidadão bebera antes e durante a viagem.
O Governo Federal falou em mudanças nos critérios de aposentadoria dos funcionários públicos, ótimo. O Senado avançou (Senado aprova fundo de aposentadoria , 2012).  É um pesadelo que minimiza as aposentadorias de quem está do lado de fora, se não for corrigido. O estranho é o silêncio dos sindicatos, existem para quê? Com certeza a crise dos escândalos atrapalhou e distrai o povo. Para quem depende de complementação de aposentadoria, é bom lembrar que a saúde da previdência federal reduz a necessidade de adicionais futuros.
De qualquer forma temos uma Presidente preparada e corajosa com um plano em execução, isso nos conforta [ (Neto), (Romero, 2012)]. Não podemos viver com parâmetros pré-crise, quando tudo era festa, futebol e carnaval.
Uma marca estranha foi a longa noite dos juros absurdos que todos pagamos. Algum dia teremos uma explicação honesta sobre o que aconteceu. Carecemos de perspectiva histórica e isenção de ânimos para fazer afirmações, além de conhecimentos profundos sobre as relações de poder no Planalto e Economia propriamente dito, alguém tem? Os palavrões ficam guardados até grandes especialistas confirmarem nossas suspeitas ou, ao contrário, demonstrarem os acertos do Banco Central nessas últimas décadas.
Durante muito tempo pagamos juros absurdos, viabilizando às fundações qualquer coisa (receitas obtidas de empréstimos) ou simplesmente gastando sem muita lógica o dinheiro arrecadado entre estatais e fundos de pensão. Chegamos a construir portos caros e ineficazes, por exemplo (pelo menos um), e shoppings ajustados na marra. A cornucópia parecia não ter limites e consultorias assinavam embaixo sem entrar no mérito real dos investimentos, que eram poucos, pois o principal era guardado em lugares seguros, como, por exemplo, títulos da dívida pública.
Maravilhosamente ganhamos um comando esclarecido.
Do artigo (Uma atitude de muita coragem) escrito pelo atual presidente da ABIMAQ transcrevemos: “Merece o nosso reconhecimento e total apoio a coragem demonstrada pela Presidenta, pois as altas taxas de juros praticadas no país tem sido o principal entrave ao investimento e penaliza, sobremaneira, o setor produtivo e a sociedade em geral, pois os recursos que deveriam ser destinados à educação, saúde, saneamento e setor produtivo vão para os “cofres” do sistema financeiro.

Nunca é demais lembrar que os juros pagos pelo governo para rolagem da dívida pública somados aos juros pagos pela sociedade e empresas  (financiamentos, cartão de crédito, capital de giro, cheque especial, etc..) superam os 580 bilhões de reais por ano, uma transferência brutal de renda para um único setor da economia
.”
O dinheiro gasto em contas estranhas fez falta. Descobrimos agora, principalmente, que falta tudo para um crescimento sadio. O “custo Brasil” é um absurdo e os juros parte significativa do problema. Com raras exceções (energia, por exemplo) deixamos de investir em projetos de infraestrutura estratégicos ao nosso desenvolvimento [ (Cascaes, Ponderações Engenheirais) (Cascaes, Engenharia - Economia - Educação e Brasil)]. O Brasil (A luta contra os juros altos, 2012) precisa crescer de forma sadia.
As fundações se tiverem capacidade de investimentos (devem ter) têm como contribuir muito.
Algumas armadilhas persistem para as fundações e aposentados.
Agora voltam à cena os PDVs (Planos de Demissão Voluntária), qual a intenção desses planos? Resolver contabilidades das empresas, distribuir lucros e jogar fora funcionários antigos na ilusão de aposentadorias tranquilas, onerando as fundações? Quem garante? Não é momento para isso, quem optar pela aposentadoria estará se arriscando muito.
Os defensores irrestritos da privatização devem estar incomodados. A ironia é que empresas privadas serão beneficiadas pelas iniciativas do Banco do Brasil e da Caixa Econômica. Felizmente o Governo Federal decidiu agir contra a estratégia absurda dos juros bancários, usando dois bancos estatais. De “moto próprio” isso nunca aconteceria. Isso muda tudo, inclusive cálculos atuariais e riscos futuros. Como será aplicado o dinheiro dos fundos, se é que terão recursos para isso? Onde? Em que projetos?
Com certeza todos querem chegar à terceira idade e poder dizer que estarão na melhor fase de suas vidas, para isso é fundamental uma boa aposentadoria e planos de saúde, assunto que na Europa mereceu discussões ferrenhas já na década trinta, antes da Segunda Guerra Mundial, pelo menos na França. Aqui a escravidão e divisão estratificada da sociedade em classes, onde a aristocracia fazia riquezas de qualquer jeito, o povo era mantido disperso no imenso espaço brasileiro ignorando o que seria aposentadoria. Simplesmente não existia. Atrasaram a percepção da importância de planos para o descanso, saúde e lazer após décadas de trabalho. Se sobrevivessem a tudo o que estavam sujeitos a ter (endemias, doenças episódicas, acidentes, alimentação inadequada e insuficiente, violência etc.) eram encostados em seus casebres, sobrevivendo da caridade de filhos e amigos.
Não temos mais a desculpa da ignorância. Podemos, isso sim, alegar preguiça mental, alienação e falta de tempo, atenção a prioridades diferentes etc., mas se vivermos o suficiente chegaremos aos tempos em que nos qualificaremos como idosos, e daí Josés e Marias?
Quem já aproveitou bem seus tempos de aposentadoria tem o consolo de ter recebido muito com os planos previdenciários e de saúde ou a segurança do serviço público. E a realidade que aparece em novas relações econômicas?
Os mais novos precisam estar atentos e aprenderem o que tudo isso significa. O tempo passa e, se tiverem sorte, chegarão aos tempos de aproveitar as aposentadorias que conquistarem após opções que fizerem agora, ou seja, décadas antes do momento da "idade feliz”.

Cascaes
5.6.2012
Arruda, I. (14 de 5 de 2012). A luta contra os juros altos. Fonte: Jornal de Hoje: http://www.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2012/05/14/noticiasjornalopiniao,2838759/a-luta-contra-os-juros-altos.shtml
BRODBECK, P. (5 de 6 de 2012). A ameaça dos juros em queda. Fonte: Gazeta do Povo: http://www.gazetadopovo.com.br/economia/conteudo.phtml?tl=1&id=1262158&tit=A-ameaca-dos-juros-em-queda
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Ponderações Engenheirais: http://pensando-na-engenharia.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Engenharia - Economia - Educação e Brasil: http://economia-engenharia-e-brasil.blogspot.com.br/
Neto, L. A. (s.d.). Uma atitude de muita coragem. Fonte: ABIMAQ: http://www.abimaq.org.br/site.aspx/Detalhe-Palavra-do-Presidente-nova
Romero, C. (18 de 5 de 2012). A cruzada de Dilma. Fonte: Clipping, Seleção de notícias: https://conteudoclippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2012/5/18/a-cruzada-de-dilma

Um comentário:

  1. Luis Eduardo Knesebeck7 de junho de 2012 às 07:38

    O extraordinário sucesso do Brasil nos últimos anos deve-se a dois fatores: um cenário econômico externo extremamente favorável e a opção pelo consumo interno. Enquanto estes dois ventos foram a favor pareceu que o Brasil finalmente tinha encontrado seu destino.
    Em 2008, apesar da crise econômica iniciada nos Estados Unidos, o consumo interno sustentou o crescimento. A atual crise em que estamos mergulhados está mostrando que a solução não é tão simples e imediata. Agora, além da redução dos recursos financeiros nos países, a demanda interna por consumo parece diminuir e o aumento do nível de endividamento das famílias no Brasil começa a preocupar.
    O momento é propício para iniciar nova caminhada, a do incentivo para a educação financeira e poupança interna. Cabe agora ao governo estimular a economia da poupança, da mesma forma que vem fazendo com o consumo. Criando mecanismos de acesso à população, reduzindo as taxas de empréstimos (pois assim fica mais clara a diferença entre poupança e investimento), desonerando os custos do setor financeiro, etc.
    Entre estas medidas, é fundamental o estímulo ao emprego formal. Esta ainda é a melhor porta de entrada para a previdência e assistência privadas, caminho para uma velhice digna.

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